Introdução: moderno, pós-moderno e contemporâneo.
Professor Emérito da Universidade de Colúmbia e crítico de arte atuante em Nova York, Arthur Coleman Danto é considerado o filósofo do fim da arte. É autor dos livros “A transfiguração do lugar-comum” e “Após o Fim da Arte”, este último, em particular, pôs em ebulição o jet set da crítica ao propor novas bases para o pensamento contemporâneo da arte.
Sua análise revela a supressão de todas as bases da narrativa historiográfica oficial promovida pela Arte Contemporânea. A partir de então, artistas e críticos empreendem uma reflexão incansável sobre a essência da arte.
Materializar o belo ou representar a natureza não mais integram os objetivos do artista contemporâneo. A obra de arte passa a servir como ponto de partida para a discussão filosófica – fundamento e premissa da arte contemporânea. Marcel Duchamp nos Estados Unidos, Nelson Leirner no Brasil, todos ajudaram a moldar um movimento que não se reconhecia no início, mas se assume no presente em diversas vertentes e promete mais ousadia e experimentalismo no futuro.
No primeiro capítulo de “Após o Fim da Arte”, Danto identifica características comuns a várias manifestações contemporâneas de arte como: sentimento de não mais pertencer a uma grande narrativa, início impreciso no tempo, a não-intenção de superar a arte do passado e a colagem como paradigma. “O artista tem livre acesso ao museu e organiza exposições de objetos sem qualquer conexão histórica ou formal entre eles, a não ser aquela fornecida pelo artista.” (DANTO, 2006, p.7)
Enquanto a arte pré-moderna se dedica a representar o mundo tal como ele se apresenta aos olhos e a arte moderna questiona as condições de representação num exercício de metalinguagem, a arte contemporânea, vendo-se esgotada pela quantidade de questões apresentadas pela história da arte, empreende a missão definitva: avança nas penumbras da pós-história, pressionando os limites da sua própria existência ao se perguntar: o que é arte?
É isto que Danto descreve como o fim da arte: uma escalada de auto-reflexão filosófica. Quando finalmente ficou claro que tudo poderia ser obra de arte, é que se formou a conjuntura ideal para a ascensão de uma filosofia da arte geral e verdadeira.
DANTO, Artur. Introdução: moderno, pós-moderno e contemporâneo. In: Após o Fim da Arte. São Paulo: Odysseus, 2006.