“Eu não me vendi, eu não me acovardei”
afirma Heloísa em debate
Jenifer Leão
Esse é o tônus da retórica da alagoana líder nas pesquisas de intenção de voto em Maceió.
No debate entre os presidenciáveis ocorrido na manhã de ontem durante a 63ª Semana Oficial do Engenheiro Arquiteto e Agrônomo promovido pelo Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia (Confea) e Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia da Alagoas (Crea-AL), a senadora Heloísa Helena divertiu a platéia com expressões como “dinheiro ilícito nas roupas íntimas do vestuário masculino”, “bolsa-banqueiro” e “majestade barbuda”.
Inserido no tema “Pensar o Brasil Construir o Futuro”, os candidatos à presidência apresentaram suas propostas de forma amistosa, concordantes na crítica aos mesmos pontos na atual gestão, o que leva a crer que o debate teria sido muito mais acalorado e produtivo se presidente Lula estivesse presente para a discussão, conforme ressaltou o mediador-convidado Paulo Markum, jornalista do Roda-Viva da TV Cultura.
O estímulo à formalização de 50% dos trabalhadores por meio da desburocratização no processo de abertura da pequena e média empresa, é prioridade na plataforma de Geraldo Alckmin. Enquanto que, a redução da jornada de trabalho é a saída apontada por Cristovam Buarque para a criação de novos empregos.
Buarque, coerente com o seu partido, defende todos os direitos trabalhistas, além da ampliação e universalização destes. Porém ressaltou a necessidade de acabar com privilégios de certas categorias. Segundo ele, com essas medidas será possível tirar a grande quantidade de trabalhadores que se encontram na informalidade "É possível negociar fazendo com que alguns dos privilégios sejam abolidos, trazendo os de fora para dentro. Muitos sindicatos já defendem isso", garantiu.
Ao invés de cortes nos direitos trabalhistas, a senadora Heloísa, defendeu que para aumentar o número de postos de trabalho é necessário desonerar as empresas, diminuindo impostos e dessa forma barateando a contratação de mão de obra.
A candidata Heloísa Helena defendeu a criação de um orçamento participativo, nos moldes como é feito hoje o planejamento estratégico, articulado com a sociedade, os movimentos sociais e os órgãos técnicos. A senadora atacou a política econômica do governo, chamando seus defensores de “discípulos de Goebbles”_ famoso publicitário de Hitler que dizia: “uma mentira muitas vezes repetida se torna uma verdade”. E é assim, segundo Heloísa, que vem sendo conduzida a economia do país em doze anos de neoliberalismo: baixo crescimento, altos juros beneficiando o capital internacional e o enorme fosso que caracteriza o desajuste fiscal “se paga 760 vezes mais em juros do que em saneamento básico” afirmou.
Nas considerações finais, Cristovam Buarque relembrou os tempos de militante estudantil, e reafirmou “a subversão” que sempre o norteou nos 40 anos de carreira política, seu compromisso com a educação.
José Jorge criticou a ausência do presidente Lula no debate, que, segundo ele, seria uma instância imprescindível da democracia. Heloísa, citando as palavras de Santo Agostinho, lembrou que a esperança tem duas filhas: a indignação perante as injustiças cometidas, e a coragem para combatê-las. Enfatizou a honestidade que sua mãe lhe ensinara, ressaltando a sua não rendição à corrupção, “eu não me vendi, eu não me acovardei” e concluiu pedindo a cada um presente mais dois votos de modo que pudesse “alcançar a majestade barbuda no segundo turno”.
A 63ª SOEAA segue sua programação até o dia 24 de Agosto. Para o evento ainda estão marcadas visitas técnicas a diversos seguimentos comerciais de Maceió e também conferências com o filósofo Ariano Suassuna e o navegador Amyr Klink